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Alterações climáticas: o que vai mudar na produção de vinho

por Filipe Silva em

De regiões férteis a inóspitas, à produção em maior altitude e novas técnicas de produção de vinho. Saiba o que vai mudar com as alterações climáticas.

No início, o aquecimento global foi “uma dádiva” para a produção de vinho: as videiras produziam mais uvas e essas uvas amadureciam mais cedo do que até então, o que resultava numa colheita mais rica e agradável. Mas no futuro este aquecimento deverá ser um pesadelo, podendo mesmo tornar algumas daquelas que são actualmente as principais regiões vinícolas do mundo, em regiões inférteis.

A importância, como ávidas produtoras de uvas para vinho, de Regiões como Oregon, Bordeaux, Vale do Rhône e Provence, Otago central na Nova Zelândia, e outras tantas situadas entre o equador e o Pólo Norte deverá decrescer substancialmente durante as próximas décadas.


Muitos investigadores afirmam mesmo que a meio deste século estas regiões serão inóspitas para a produção de uva para vinho ou que pelo menos não serão próprias para as castas que são actualmente lá produzidas. Prevê-se que, por exemplo, o Pinot Noir deixará de existir em Oregon e que em Bordéus será mais comum encontrar castas como Syrah, Cabernet, Sauvignon e Merlot – algumas delas já presentemente predominantes. Na Austrália, poderá não ser possível – segundo se prevê – produzir mais vinho.

Face a este problema, os produtores devem passar a produzir em terrenos com mais altitude: tendência que já se começa a verificar em Borgonha, região famosa pela produção de Pinot Noir, onde a produção de vinhos tem vindo a ser feita em terrenos centenas de metros mais altos do que o habitual. Ainda assim, Borgonha não chega aos calcanhares de outras regiões em países como a Argentina. É o caso da Região de Vale do Uco, onde não é de todo incomum encontrarem-se vinhas em terrenos com cerca de 1500 metros de altitude.

Novas Técnicas vinícolas para contornar o impacto do aquecimento global na produção face à inevitabilidade de um aquecimento veloz da superfície terrestre – os investigadores apontam que até ao final do século o planeta esteja entre 4 a 6 graus mais quente – os produtores terão de se adaptar a esta nova realidade.


Algumas medidas futuras para contornar esta nova realidade poderão passar pela realização de colheitas durante a noite; a aceleração do processo de transporte das uvas para as instalações vinícolas; a plantação de culturas de cobertura; maximizar-se a irrigação através do tratamento e reciclagem de água; retardar-se o processo de amadurecimento aumentando a quantidade de safra.

Na verdade há já regiões, como é o caso de Espanha, onde algumas destas técnicas estão a ser usadas para contornar os efeitos do calor extremo.

Outras das técnicas que poderá ser implementada é a plantação das chamadas castas híbridas e cruzadas – mais capazes de prosperar em situações de extremo calor ou frio. Algo que já acontece em regiões como Michigan, em que se cruzam as castas Vidal Blanc e Vignoles, e com variedades como Blanc Du Bois na Flórida. Ainda que esta ideia seja vista por muitos apreciadores de vinho como draconiana”, é quase certo que no início do próprio século esta pode mesmo vir a ser uma opção inevitável.

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