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Alvarinhos: há, mas não são verdes! Só regional Minho.
Os produtores da Sub-Região de Monção e Melgaço (SRMM) vão poder usar uma rotulagem própria dos seus vinhos Alvarinho, que os distinga face aos que são produzidos na Região dos Vinhos Verdes. Assim, o Alvarinho daquela Sub-Região deverá chegar ao mercado com a designação de Premium, sendo esta uma das contrapartidas do alargamento da denominação a toda a região.
A informação é adiantada pelo presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), Manuel Pinheiro, num encontro com alguns jornalistas em que fez o "ponto da situação" das negociações entre produtores da SRMM e da restante região. Monção e Melgaço, como se sabe, detêm o exclusivo da denominação vinho verde Alvarinho e os outros produtores reclamam o fim desse exclusivo.
É permitido plantar e produzir Alvarinho em toda a região, mas a menção da casta no rótulo ainda só é possível naqueles dois concelhos do Alto Minho. Fora daqui, o rótulo pode ter Alvarinho mas não pode ser identificado como Vinho Verde, tendo que ser identificado como Vinho Regional Minho.
Manuel Pinheiro acredita que será possível "fechar um acordo ou ficar perto" na última reunião entre as duas partes reunião que terá lugar dia 13, em Arcos de Valdevez. "Resulta claro que pouco trabalho falta para que se consiga um acordo equilibrado que traduza ganhos para todos os envolvidos", concluiu a CVRVV.
Depois daquele dia, o Governo deve ser informado sobre "os pontos em aberto e os fechados" e informar a União Europeia (EU) sobre a questão. Recorde-se que a UE pediu a Portugal esclarecimentos sobre o problema, por haver dúvidas sobre se o exclusivo detido pela SRMM é conforme com a legislação comunitária. A resposta portuguesa tem que ser dada até ao dia 31.
A menos de uma semana da reunião marcada para Arcos de Valdevez, a CVRVV dá como "fechado" o ponto sobre a "distinção da Sub-Região (de Monção e Melgaço) na rotulagem" do seu vinho verde Alvarinho, como forma de reforçar a sua qualidade inequívoca. Manuel Pinheiro disse ainda haver acordo sobre a "possibilidade de lotar" Alvarinho de Monção e Melgaço com castas oriundas da restante região, como a Trajadura ou a Loureiro.
Ao contrário, está ainda em aberto a percentagem mínima de Alvarinho que um vinho de lote deve ter para poder mencionar aquela casta no rótulo respetivo. "As propostas em discussão mencionam valores entre 20 e 50%", refere a CVRVV. Também não é pacífico se as uvas Alvarinho de Monção e de Melgaço podem ser “vinificadas fora ou se devem ser ali vinificadas, em exclusivo".
A CVRVV refere que "algumas medidas entrarão em vigor já em 2015", sendo uma delas a que prevê a rotulagem diferenciada para Monção e Melgaço. Outras, porém, segundo a mesma entidade, terão "um período gradual de aplicação" ainda em estudo, "mas não inferior a quatro anos".
A ver vamos se a fórmula anunciada por Manuel Pinheiro é suficiente para desmobilizar os protestos. A Câmara Municipal de Melgaço convocou os produtores locais para se manifestarem precisamente dia 13, no Porto, contra o alargamento do Alvarinho a todos os concelhos da CVRVV.
Fonte: LUSA