“Os vinhos estão mais baratos do que uma garrafa de água”, atira Kym Anderson, do Centro de Pesquisa Económica de Vinho de Adelaide, uma das personalidades ouvidas pela BBC. A queda de preços começa a ser preocupante, segundo os especialistas consultados pelo estação britânica. Regra geral, é atribuída a diferentes fatores, desde as taxas de câmbio à queda da procura internacional e ao excesso de oferta no mercado interno.
Por partes. O aumento da moeda australiana em relação ao dólar americano, entre 2011 e 2013, prejudicou a indústria do vinho. Paul Evans, diretor da Federação de Produtores de Vinho da Austrália, afirma: “uma grande parte do volume que exportávamos regressou ao mercado interno quando a procura internacional caiu.” Por essa razão, a concorrência entre produtores locais disparou, com a consequente descida dos preços. “Isso também é um incentivo às importações e vimos crescer substancialmente as vendas de vinhos importados no mercado interno”.
Outro fator a ter em conta é o imposto sobre o álcool, o qual varia de acordo com o produto e não com o teor alcoólico. Ou seja, quanto mais barato for o vinho, mais baixo será o imposto, o que pode suscitar uma divisão dentro da própria indústria, assegura Robin Room, investigador de Melbourne.
O duopólio de duas grandes cadeias de hipers, a Woolworths e a Coles, também tem o seu peso. Ambas controlam mais de 70% de todas as vendas de vinho a retalho, situação que gera preocupação entre a Federação de Produtores de Vinho da Austrália: se por um lado a entidade aplaude o investimento que tem sido feito na indústria pelas respetivas empresas, por outro, afirma que a situação precisa de ser revista.
“Há uma incompatibilidade considerável entre o poder dos retalhistas e os produtores de vinho que está a afetar negativamente a indústria do vinho como um todo”, explica Evans. Ainda assim, nem todos contestam o poderio daquela dupla de supermercados, os quais chegam a ser vistos como uma ajuda aos produtores de vinhos num período difícil. Aqui, diríamos nós, lá como cá…
De forma geral, escreve a BBC, o preço dos vinhos é aceite por alguns produtores e pelos consumidores, além de ser uma “vitória” para os grandes retalhistas. No entanto, a federação faz questão de salientar que a situação não é sustentável.
(fonte: BBC)