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Madeira, uma alegria!
É um mal que vem de longe: ao longo do século XX, o lento declínio de pequenas denominações, como o nosso Madeira ou do italiano Marsala, a par da produção de vinhos cada vez mais baratos e de pior qualidade, fez com que mercados não produtores (mais pragmáticos e alheios aos problemas e rituais da produção) fossem retirando essas pérolas fortificadas da sala de estar, arrumando-as na cozinha. A par do sal e da pimenta.
Verdade poucas vezes contada entre nós, esse foi o hábito de consumo que se enraizou nos lares britânicos! Prestígio diluído em molho de bifes ou populares sobremesas como a Plum in Madeira, é o peso que os melhores rótulos insulares suportam quando tentam conquistar um dos seus principais mercados emergentes (logo a seguir aos países do Benelux). Daí a importância para a indústria de artigos como o do jornal The Telegraph, que sugere aos leitores britânicos uma garrafa de Madeira como um distinto presente de Natal.
“No seu melhor, um copo de Madeira é uma verdadeira alegria", escreve Victoria Moore, a autora do artigo. Segundo Moore, o vinho do arquipélago é virtualmente imortal. "Provar outros vinhos antigos é um exercício para compreender como se comportam com a idade, mas o vinho Madeira não é assim", assegura a crítica. "O vinho da Madeira prolonga-se e prolonga-se… como uma personagem do Velho Testamento que, mesmo depois de um ou dois séculos, se mantém estranhamente jovem", elogia a crítica britânica, garantindo que "vale a pena gastar uns trocos a mais num dos vinhos madeirenses com mais personalidade".
Graças às suas "extraordinárias propriedades de envelhecimento", o The Telegraph recomenda a oferta como um eterno presente “delicioso com tartes salgadas, passas ou strudel de maçã e, mesmo depois de aberto, o vinho mantém-se durante meses", finaliza o artigo.