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Manifestação contra alargamento do Alvarinho
A informação foi avançada à agência Lusa pelo representante dos produtores de uvas, accionistas daquela empresa com sede em Melgaço, no distrito de Viana do Castelo. Segundo Eduardo Nóvoas, o protesto vai decorrer à porta da CVRVV, no Porto, "no mesmo dia e hora" em que ocorrerá nova reunião do grupo de trabalho constituído pelo Governo e liderado pela CVRVV, defensora do alargamento da produção a todos os concelhos que a integram, para alcançar um acordo entre todos os produtores.
O representante daqueles acionistas, que detêm 30% do capital social da Adega Quintas de Melgaço, adiantou que a Câmara Municipal, acionista maioritária (70%), "irá garantir o transporte para a manifestação".
O protesto para exigir a manutenção da exclusividade da designação Vinho Verde Alvarinho à sub-região de Monção e Melgaço foi decidido "por esmagadora maioria", em assembleia geral extraordinária, no passado dia 21 de Dezembro.
Contatado pela Lusa, o presidente da Associação de Produtores de Alvarinho (APA), com sede em Monção, escusou-se a fazer comentários sobre o assunto.
A APA representa 60% dos agentes económicos daquela sub-região demarcada centenária, que, no seu todo, corresponde a 80% do volume de negócios desta atividade, estimada em cerca de 25 milhões de euros.
Os municípios de Melgaço e Monção, que desde 1908 detêm e pretendem manter a exclusividade de produção de Alvarinho, contestam o alargamento aos 47 concelhos que integram a CVRVV por considerarem que representa "mais uma estratégia de pressão utilizada por parte de empresas importantes na área dos vinhos verdes que também querem ter a possibilidade de produzir aquele vinho".
Defendem que o território que integra a sub-região "reúne as condições adequadas para a produção de Alvarinho na sua excelência". Além disso, sustentam, "depende dessa exclusividade a riqueza da sub-região". Argumentam ainda que o alargamento "não vai garantir a qualidade" e que, pelo contrário, "vai pôr em causa todo o prestígio, nacional e internacional, angariado pela sub-região, através de décadas de trabalho e esforço dos viticultores e engarrafadores locais, com consequências dramáticas para a economia destes municípios".
Vale a pena lembrar, esta polémica foi despoletada por outros produtores da Região dos Vinhos Verdes, que reclamaram junto da Comissão Europeia contra o regime de exclusividade da Sub-Região de Monção e Melgaço, exigindo poderem de igual modo usar a designação de “Alvarinho”. Em causa está um negócio avaliado em cerca de 17,3 milhões de euros de que estes produtores poderiam também beneficiar.
A Comissão Europeia considerou que se tratava de uma discriminação, exigiu a realização de negociações entre as entidades interessadas sob a mediação do governo, através do Instituto da Vinha e do Vinho e a apresentação de uma solução para o problema até ao próximo dia 15 de janeiro, curiosamente dois dias após a manifestação convocada pelos produtores de Alvarinho de Monção e Melgaço.