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Origens Alvarinho: há, mas (ainda) não são verdes
O IVV e a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) patrocinam a negociação, entre produtores que defendem que Monção e Melgaço devem manter o exclusivo da denominação Alvarinho e outros que pugnam pelo seu alargamento a toda região dos vinhos verdes.
Os primeiros temem ser lesados economicamente se perderem o exclusivo. Segundo o presidente da Associação de Produtores de Alvarinho (APA), Miguel Queimado, a produção deste vinho nos dois municípios envolve "60 produtores e dois mil viticultores e gera uma receita anual de 20 milhões de euros".
Os produtores que contestam o fim desse exclusivo alegam que "não há motivo para que seja possível fazer Alvarinho DOC (Denominação de Origem Controlada) em todo o país, exceto em 90% da região dos vinhos verdes".
O vice-presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), Toscano Rico, disse à agência Lusa que, se o alargamento avançar, é preciso saber "como dar visibilidade à sub-região de Monção e Melgaço". Referiu que "algo tem de ser feito ao nível da promoção e da própria rotulagem", tal como, aliás, está previsto no documento base que a CVRVV preparou e entregou às duas partes na primeira reunião. A rotulagem pode passar por "um selo" próprio para os alvarinhos de Monção e de Melgaço, podendo criar-se uma nova designação, por exemplo "Alvarinho clássico" ou "Alvarinho premium" para os vinhos oriundos daqueles dois municípios para vincar a sua grande qualidade.
Também está em discussão o prazo para a introdução das novas regras, que o vice-presidente do IVV sublinha dever ser "gradual". O documento da CVRVV propõe cinco anos, a partir de 2015. Acresce que a União Europeia pediu a Portugal esclarecimentos sobre a situação até ao final de Novembro. O Governo português conseguiu que o prazo fosse alargado até 31 de janeiro, esperando que até lá as negociações em curso conduzam a uma solução consensual.
"Fizemos uma aproximação enorme das nossas divergências", resumiu António Guedes, administrador da Aveleda e um dos representantes dos produtores que reclamam o alargamento da denominação Alvarinho. António Guedes também frisou que, na reunião efetuada hoje, "houve uma atitude muito positiva" e de demarcação dos representes dos produtores de Monção e de Melgaço face às "posições políticas" das respetivas autarquias."Esta é uma questão interprofissional, não é de agenda política" reforçou.
Miguel Queimado também assinalou o "clima de diálogo" que se verificou na reunião e que se conseguiu chegar já a alguns entendimentos, subsistindo, contudo, "pontos complicados". "Houve avanços importantes na procura de entendimentos entre os diversos agentes", resumiu o presidente da APA, recusando, porém, entrar em detalhes.