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Os melhores livros de 2018 para saber mais sobre vinho
“Existe mais filosofia numa garrafa de vinho do que em todos os livros”.
A frase é do químico francês Louis Pasteur, mas a jornalista Lana Bortolot tem uma visão diferente. Borlotot aconselha Pasteur, num artigo para a Forbes, a dar uma vista de olhos em 4 livros que deram origem a enorme debate filosófico, no ano que agora cessou. Aconselha-o a ele, e a todos os outros que queiram saber mais sobre o mundo dos vinhos.
Livro 1: Amber revolution: How the world learned to love Orange wines, de Simon J. Woolf (Amber revolution: Como o mundo aprendeu a amar os vinhos laranja)
Ainda que neste livro esteja incluída uma longa lista de produtores recomendados, de todo o mundo, tal como o nome indica o foco desta obra de Simon Woolf está no vinho laranja. Woolf explora a história e produção do vinho laranja na suas “casas espirituais”: Eslovénia, Geórgia, Friul (no norte de Itália) e norte da croácia, regiões onde os ‘vinhos macerados’ são tradição, e não tendência.
Em entrevista à Forbes, Woolf explica que estas regiões são “pontes fortes de cultura e de tradição ininterrupta de produção destes vinhos, mas que agora tiveram um grande ressurgimento”.
Woolf destaca os vinhos georgianos, afirmando que estes representam “uma janela de oportunidade de conhecer uma cultura que a maioria de nós, como ocidentais, simplesmente não tem”.
Livro 2: Godforsaken grapes: A Slightly Tipsy Journey through the World of Strange, Obscure, and Underappreciated Wine”, de Jason Wilson (As Castas esquecidas por Deus: Uma viagem um pouco alcoolizada por entre o mundo do vinho estranho, obscuro e subvalorizado)
O livro de Jason Wilson parte da premissa de que 80% do vinho em todo o mundo é feito de 20 castas diferentes, o que faz com que mais de 1380 variedades sejam desconhecidas ou por explorar.
O título, irónico, tara-se uma provocação à ideia de Robert Parker – um crítico de vinhos – no qual este afirma que algumas castas menos conhecidas foram “esquecidas por Deus”, por terem muito pouco sabor.
Wilson atira-se à estrada para mostrar que esta ideia está errada, vestindo a pele de investigador, repórter e escritor, passando para o papel todas as descobertas brilhantes e também as maiores desilusões.
Um dos pontos de passagem desta ‘road trip’ de Wilson foi a região do Douro.
Livro 3: Tasting the past: the science of flavor & The search for the origins of wine, de Kevin Begos (Provar o passado: a ciência do sabor & Procura das origens do vinho)
Recuamos ao ano de 2008. Begos, um ex-correspondente estrangeiro que cobria assuntos do Médio Oriente, escondeu-se num hotel na Jordânia depois de um longo dia. Quando abriu o Minibar do seu quarto, achou as opções pouco tentadoras, excepto uma que imediatamente lhe chamou a atenção: uma garrafa de vinho de Belém.
Nunca tinha ouvido falar em nada do género, mas decidiu provar e adorou o seu sabor. Gostou tanto que decidiu investigar a sua origem: e se hoje em dia isso talvez fosse uma tarefa relativamente fácil, na altura nem tanto.
“Levei anos para conseguir descobrir informações acerca deste vinho porque na altura ainda não tinham sido revistos. No início não conseguia encontrar nada, o que fez com que ficasse obcecado em saber mais sobre as castas do Médio oriente.”
Ainda que a obra seja apresentada sob um pano de fundo histórico, este livro de Begos é muito mais um ‘diário de um detective’ em busca de informação sobre estas castas, do que propriamente uma aula de história.
Livro 4: Vineyards, Rocks and soils – The wine lover’s guide to geology, de Alex Maltman (Vinhas, Rochas e solos – O guia dos amantes do vinho para a geologia)
Maltman, professor de Geologia da Universidade de Aberystwyth, no País de Gales, abalou o mundo do vinho quando, no ano passado, expôs um caso contra a moda actual da mineralidade nos vinhos. Em janeiro do ano passado, num artigo para a Revista Decanter, o autor observa que o mundo dos vinhos olha, nos últimos tempos, para a mineralidade como o factor com maior impacto na definição do sabor do vinho.
Apesar de isto pôr a sua área de eleição – a geologia – no centro das atenções, o geólogo diz que não embarca nestas teorias, preferindo olhar para as evidências.
Para o professor, que é também vinicultor, “a geologia da vinha é certamente parte da equação, mas coisas como a variedade da casta, aquecimento global, a vinificação, todos estes são factores com um impacto mais directo no produto final. A geologia do vinho influencia o sabor apenas de uma forma indirecta, e não da forma directa como comumente é dito”.
Este é um livro que serve assim para desmitificar a ideia de que as rochas transmitem sabor pelas vinhas. Se ficaste com dúvidas, nada melhor do que devorares o livro do Dr. Maltman.