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Uma questão de estilo.

por Filipe Saavedra em

Os estilos e as expectativas, são dois vectores de uma mesma face de todos os vinhos. O estilo do vinho é a forma mais genérica, mas mais assertiva de descrever cada vinho. A expectativa antes de cada garrafa desconhecida é fundamental! Pode trazer aquele efeito surpresa, “Uau!”, ou pode deixar-nos um “amargo de boca”, por termos planeado mais e melhor para aquela garrafa.
Dentro da miríade de tipos de vinho existentes, há vários estilos. Há da mesma forma, uma plateia vasta de consumidores. Desde os consumidores mais casuais, menos envolvidos no tema, aos mais dedicados, mais conhecedores, mais habituados às lides de Baco. É importante que nos conheçamos como consumidor para termos escolhas mais esclarecidas e nas quais a expectativa não saia furada.


O estilo do vinho é muito fácil de comunicar, e não implica qualquer grau académico na área da eno-gastronomia. Como é determinado vinho? É tranquilo, espumante ou fortificado? É seco ou doce? É aromático ou neutro? É crocante ou suave? É potente ou delicado? É simples ou complexo? Será digno de guarda ou é para um consumo mais imediato? É um clássico ou algo irreverente? Bem sei que são muitas perguntas…. Muitos vinhos respondem a tantas das acima referidas, outros respondem a bem menos… Mas quanto mais afinarmos e formos capazes de clarificar o que determinado copo tem dentro, mais facilmente conseguimos acertar a expectativa de cada momento.

Com esse acerto, do pré-conceito com o conceito, convidaremos os consumidores mais conservadores e ligados à mesma marca de sempre e à mesma região de sempre, a mudar. Essa mudança trará a vontade de experimentar outros vinhos de outras castas, de outras regiões, mantendo o estilo preferido. Com esta viagem de aventura e com ajustes nas nuances do estilo, a escada de crescimento é gradual. Consumidores mais desligados deste mundo fascinante que é o vinho, vão embarcar numa busca incessante por mais aromas, sabores, sensações e texturas. Os mais conhecedores, apenas constatarão o tanto que ainda têm para descobrir.


Sim, é tudo uma questão de estilo. Haja vontade para largar os de sempre, os favoritos. Esses, terão lugar cativo na garrafeira e serão sempre um valor seguro. Mas respeitando o gosto e cultivando a aventura, ganhamos mais que o que perdemos, ao experimentar vinhos do mesmo estilo “fora de pé”. Pois se as expectativas forem sempre positivas, o vórtice de aventura crescerá. Daí o caminho é para a frente, para mais sítios, castas, técnicas, sabendo sempre que o vinho de sempre estará na garrafeira, para quando der aquela saudade do antigamente! Nessa altura, sabemos que temos um estilo e sabemos bem qual é o nosso.
Boas provas!

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