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Wine & flavours film festival: bravo… bis!
A revisão da matéria dada abre o apetite para nova edição: poucos, mas bons filmes. Alguns mesmo extraordinários. A dar o mote para a qualidade geral deste Wine & Flavours Film Festival, logo no 1º dia, presenteou-nos com uma inédita exibição de “O Sonho – El Celler de Can Roca”, de Franc Aleu. Uma espécie de ópera gastronómica sob a batuta dos irmãos Joan Jordi e Josep, que gerem um dos melhores restaurantes do planeta, numa demonstração de virtuosismo ao mais alto nível, com o suporte do artista visual Franc Aleu.
A combinação audiovisual de outras artes plásticas com 12 pratos, acreditem, ilustra bem o delírio gustativo que se colhe em templos gastronómicos como o Can Roca, ou o extinto El Bulli. A memória que nos ficou foi sempre de uma vanguardista experiência sensorial, muito mais do que uma refeição. Tal qual este “Sonho”. E não por acaso, entre os 12 afortunados comensais que surgem no filme, lá estão o Chef Ferran Adrià ou o pintor Miquel Barceló…
A anteceder o sumptuoso festim dos irmãos Roca, também no primeiro dia do Festival, mas logo às 18h30, passou a curta-metragem de Duarte Natário e Angela Catlin, sobre um dia de vindimas no Douro. Uma visão nos antípodas daquela, de volta às raízes do nosso vinho, entre socalcos de xisto, lagares e pisa a pé. O Douro e a sua gente, tal como são, despidos da aura dos postais turísticos.
No dia seguinte, quinta-feira, as sessões começaram também às 18h30 com “O Defumador de Salmão”, um pequeno documentário de Nikolaj Belzer (Reino Unido) sobre Ole Hansen, um defumador artesanal de salmão. Seguiu-se “Push Me to the Floor”, de Xaver Walser (Suíça), uma visão irreverente, “rockeira”, sobre os ingredientes necessários à criação de um grande vinho.
No mesmo dia, bastante mais longe do vinho mas seguramente um dos mais extraordinários testemunhos com que o Festival nos presenteou: “Himself He Cooks”. Um documentário assinado pela dupla belga Valérie Berteau e Philippe Witjes, sobre as 50 mil refeições gratuitas que são servidas diariamente no Templo Dourado de Amritsar, no estado do Punjabe, na Índia. Fantástico.
Na sexta-feira, a sessão começou com um velho conhecido dos sócios do Clube, sob o título “Grão a Grão”, de Maria Braga. Mais uma incursão pelo Douro, uma viagem ao vinho Muxagat, guiada pelo enólogo Mateus Nicolau de Almeida. Desde as cubas de cimento no subsolo da adega, até às vinhas nos planaltos de Foz Côa. Diferentes formas de fazer, processos e ideias partilhados por quem sabe!
De França chegou um documentário de Sandra Hitouche e Alban Terrier, Uma Questão de Equilíbrio, também sobre vinhos e o sonho de criar um projecto a partir do zero. Ainda em França, mais na região de Champagne nasceu o documentário com o mesmo nome (Champagne!?) de Luk Simoens, para compreender o que está por detrás desse vinho único.
A sessão da noite (21h30) abriu com Regresso às Origens, acompanhando uma visita dos alunos de Hotelaria a uma vinha e adega no Alentejo e teve como prato principal um curioso filme de Ariel Winograd, que nos levou à região de Mendoza, nas Pampas. “Vinho para Roubar”, uma comédia argentina em torno do vinho.
No último dia, sábado, não podia descer o pano sem uma passagem por Bordéus e os alunos da EHTL puderam apreciar todo o “savoir faire” gaulês no documentário “Château Bellefont-Belcier Saint Émilion Grand Cru Classe”, de François Flamand. Uma típica propriedade e rótulo da margem direita bordalesa.
Não longe dali, num tradicional reduto gastronómico da velha França, decorre “A Viagem dos Cem Passos”. Um filme de Lasse Hallström, com Helen Mirren no papel de proprietária de um restaurante com estrela Michelin, abalada nas suas convicções pelo talento de um jovem e talentoso cozinheiro indiano.
Um final descontraído mas não menos educativo, para um evento que soube a pouco. E que, estamos certos, enriquece a Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Bravo e bis… é a nossa avaliação e desejo!