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Torres vai reduzir 30% das emissões de co2

por Filipe Silva em

O conhecido produtor Miguel Torres afirmou que a sua empresa - Bodegas Torres, o mais importante produtor de vinhos de Espanha - está a implementar um projecto de investimentos sustentado no investimento anual de mais de 10% dos seus lucros, com o objectivo da sua empresa se tornar totalmente neutra quanto à produção de carbono.

 

O presidente da Bodegas Torres, com operações em toda a Espanha, EUA e Chile, fez recentemente uma apresentação pública, intitulada “Torres & Earth”, em Penedés, na Catalunha, para mostrar as novas tecnologias que poderão contribuir para que os produtores vinícolas reduzam parte das causas das mudanças climáticas.

 

O foco do projecto da Bodegas Torres centra-se actualmente na pesquisa de formas eficientes de reutilização do dióxido de carbono que é libertado pelo processo da fermentação, através de novas tecnologias que ajudem a reverter ou a anular os efeitos das alterações climáticas.

 

"Em 10 ou 15 anos, acho que é perfeitamente possível que vejamos produtores que se tenham tornado neutros em carbono, ou seja com zero emissões de carbono” – afirmou Miguel Torres.

 

Segundo este prestigiado produtor espanhol (que se tornou um acérrimo defensor da protecção ambiental, após ter visualizado o documentário de Al Gore “An Inconvenient Truht”, em 2007), vários estudos indicam que as mudanças climáticas vão afectar muito seriamente vinhas por todo o mundo, devido à exposição global a climas cada vez mais extremos.

 

Muitos cientistas acreditam que é praticamente inevitável que as temperaturas globais cresçam pelo menos em dois graus, neste século, se não existir uma intervenção rápida dos maiores poluidores mundiais.

 

Segundo Miguel Torres, as mudanças climáticas são o maior desafio que a indústria do vinho enfrenta em geral e a viticultura em particular: "o aumento das temperaturas significa que as vindimas acontecerão de ano para ano cada vez mais cedo, o que poderá afectar a qualidade dos vinhos e até mesmo alterar o mapa mundial da viticultura".

 

O compromisso assumido publicamente pela Torres consiste em reduzir as emissões de carbono, desde a vinha até ao produto final, em 30%, em relação ao ano de 2008 e até 2020. Para conseguir atingir esse objectivo, a Torres tem reserva há já vários anos 11% de seus lucros anuais para projectos ambientais, tendo investido em 2017 um valor já superior a 12 milhões de euros.

 

Entre outras medidas, foi instalada uma caldeira de biomassa em Penedés, anulando 1.300 toneladas de CO2 por ano e foram construídas painéis solares e fotovoltaicas, que possibilitaram a adega de Penedés gerar 25% das suas necessidades de electricidade.

Outras medidas de eco-eficiência incluíram por outro lado a optimização de recursos hídricos; a redução do peso médio do vidro; o isolamento de cubas e ainda outros ganhos de eficiência no transporte. E de forma a incentivar os seus fornecedores e parceiros a prosseguirem os mesmos objectivos, a Torres criou ainda o “Torres & Earth Supplier Awards”.

Já em 2016, a Bodegas Torres reduzira as suas emissões de CO2 em 40%, em relação ao ano de 2008. Mas ao englobarem-se as emissões, na cadeia, dos fornecedores e parceiros, o valor global foi de 18,9%, no final de Junho de 2017, faltando ainda muito a fazer para se atingir o objectivo da redução global de 30%.

Miguel Torres disse ainda que a sua empresa está a investir na complexa área de captura, armazenamento e reutilização de carbono - transformando o CO2 em energia. Anualmente, a Torres produz 3.000 toneladas de CO2.

 

“A nossa ideia é capturar o CO2 da fermentação e transformá-lo numa fonte de energia, que poderá ser usada para reduzir o custo ou vendido para gerar rendimento" - disse Miguel Torres, tendo sublinhado que a sua equipa trabalha em Penedés com universidades e empresas comerciais, mas que tornará os resultados das suas pesquisas disponíveis para todos os produtores que desejarem.

 “Tudo o que é necessário fazer é cada empresa registrar o seu interesse, o que já foi feito por 25 vinícolas espanholas” – acrescentou, antes de concluir: "em 10-15 anos, veremos uma grande diferença e teremos produtores neutros em termos de emissões de carbono.”

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